Corra Lola, corra
Eis que ao raiar da luz do sol, em mais um momento qualquer de rotação planetária, a menina confusa e doce partia para mais uma de suas vitupéricas corridas diárias.
Ela possuía o corriqueiro caminhar no fio da navalha - escrevendo sua vida no limite da razão e do auto-controle, e se direcionando à entorpecência de sua alma adoecida e insegura.
É assim que, dentro de sua tão pura ingenuidade, a garotinha trilhava o objetivo de encharcar a sua alma com os mais variados lixos existenciais modernos.
E, acreditem, ela o fazia muito bem.
Porém, o bem definitivamente não era o bom.
E existe um Escritor Maior cujo bem constante está em nos direcionar para o além que há no muito bom.
E Ele, O Poeta, jamais se esqueceu daquela pobre alma perdida.
Pois foi neste dia com aparência tão comum e fatídica que aconteceu o grande reencontro: ela conheceu o Mestre e Ele a recebeu com a oferta da água da vida.
Em um ato tão simples como a beleza de um jasmim, ela fechou os olhos e teve paz – a tal que excede todo o entendimento.
Era o milagre da graça transpondo qualquer limite do espaço-tempo! Porém, a alma carregada de insegurança e ensinada à virtualidade angustiada, precisava ser reeducada.
A moça partia firme no caminho da paz e do anunciar, quando descobriu no chão do asfalto que leva tempo entre acreditar em Jesus, crer em Jesus, falar sobre Jesus, confiar em Jesus, e se abandonar em Jesus.
Dentro disso, muitas e muitas máscaras ainda foram utilizadas nos tropeços e desencontros da sua pretensão de ajudar à Deus.
Foi somente quando todas as cordas se romperam, em total ausência de justiça própria e segurança, que a tolinha garota conseguiu se entregar de verdade ao Poeta de sua existência.
No fim, acabou tendo que aprender a saltar de bung jump rumo à Vida, largando a caneta tinteiro com o Poeta Maior, para que seus dias sejam reinventados em versos avulsos.
É neste ponto que a garota vira mulher e aprende a viver contente em toda e qualquer situação.
Não, a vida não é mais nenhuma dívida a ser cumprida.
Ela é apenas o convívio com os amigos mais queridos e verdadeiros que permanecem.
É o se dispor a conhecer gente nova sem nenhum preconceito ou julgamento.
É a valorização das coisas simples e dos momentos despretensiosos da vida: o telefonema que se recebe de longe, o e-mail inesperado, o sorriso de criança, a leitura da poesia preferida, a audição das músicas do coração...
É se acabar de dançar na pista como se ninguém estivesse por perto.
É oferecer a mão ao necessitado que está fragilizado pelas mazelas do viver.
É o desejo de admirar o pôr-do-sol para, em silêncio, agradecer a Deus por sua fidelidade.
É sair correndo e mergulhar no mar, pra pegar um jacaré na volta.
É ler as Escrituras como uma carta de amor do Poeta, encontrando a Palavra revelada nela ao seu coração.
É trabalhar com dedicação, sem criar neuroses com as ambições deste mundo.
É amar, superando as ordens da situação e as injustiças e martírios que nos perseguem.
É correr, porém agora sem fugir...
“Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” Efésios 2:10
"O trecho inicial contém a palavra “feitura” que é a tradução da palavra grega” Poiema” do verbo “poieô” que significa fazer.
“Poiema” é aquilo que é feito, portanto, feitura.
É a origem de nossa palavra portuguesa: Poema, peça literária que demonstra toda a sensibilidade do autor.
Acontece que o verbo ”poieô” em grego não significa qualquer fazer.
É usada para um fazer cuidadoso, esmerado, cheio de arte, daí a palavra poema: algo que é feito com amor e arte, com muito labor e dedicação, com poesia, Isto é um poema!
É assim que Deus trabalha na vida de quem anda com ele: Com poesia e arte.
Atentando para cada detalhe e fazendo de nossa vida um poema.
Então, que tal ser um poema de Deus. " Rev. Evaldo Beranger
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