Poetar, viver
Hoje resta apenas a poesia,
aquela grafada no tempo dos versos livres,
em rima pobre e métrica inesperada,
inigualavelmente composta na minha
incapacidade de saber vivê-la.
Porque a poesia que não sei sentir,
tem o toque do vento sentido na brisa
e o sopro suave da voz dos amantes,
que minha alma largou pela vida.
Porque a poesia que não sei sorrir,
tem o riso desmedido das horas liquidas
que eram curtas demais para o tanto a se dizer
e que deixaram de ser vividas.
Porque é dessa poesia que escrevo,
aquela que se rascunha sobre o que se deixou de ser,
por não saber ser, ou por não querer
simplesmente ser.
Essa é a poesia que não sei viver.
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