segunda-feira, abril 25, 2005


A verdade não precisa de tradução

De onde menos se espera...

*ATENÇÃO: Não leia este texto se você não quiser saber tudo o que acontece no filme A Intérprete.

Se eu fizesse uma lista top 5 de atividades profissionais dos meus sonhos, não tenho a menor dúvida de que a primeira posição seria a de "responsável pela criação dos posters nas distribuidoras de filmes". Quem me conhece sabe da verdadeira fascinação que tenho por cartazes de cinema. Em meu blog já postei alguns, mas este de A Intérprete merece um destaque especial. Pra começar, o achei esteticamente muito bonito, pois apresenta de cara todo aquele espírito meio noir que o longa carrega. Nicole Kidman e Sean Penn estão ali, em destaque. E num filme que possui estrelas deste gabarito, nada mais compreensível do que isso, afinal, até o premiado diretor Pollack acaba ficando meio sem foco perto da dupla.
Aí o slogan diz: a verdade não precisa de tradução.
No filme, Nicole Kidman é uma intérprete sul-africana chamada Silvia Broome, que trabalha na ONU. Numa coincidência absurda, ela acaba ouvindo por acaso uma ameaça de morte feita contra o ditador do fictício país africano de Matobo, dita numa língua tribal, mas que ela é capaz de compreender devido à sua vivência por aquelas bandas. Sean Penn é o agente secreto Tobin Keller, que mostra na cara uma grande amargura de dor por conta de seu passado. Ele é convocado para investigar a ameaça e também Silvia.
Dentro disso, muitas e muitas tramas se desenvolvem para que o espectador passe a suspeitar da própria Silvia como executora do possível atentado. Chegamos inclusive a ficar sabendo que este ditador havia sido o responsável pela morte da família de Sílvia, além da de muitos outros civís africanos. E no meio de temas sérios como genocídio, fundamentalismo e globalização, se desenvolve uma trama que não perde de vista seu elemento humano. Dentro daquela loucura toda, o relacionamento que começa a acontecer entre Silvia e Tobin nos chama a atenção, pois mesmo que em muitos aspectos eles sejam muito parecidos, em outros estão separados por um rio de suspeitas.
Em um momento chave de confrontamento, Silvia se defende das suspeitas de Tobin dizendo não querer se vingar do ditador. Segundo ela, sua tradição cultural não incentiva tal atitude, pois uma pessoa que comete um crime na África é amarrada e jogada em um rio. Depois disso, a família da vítima possui duas opções: ou deixa o criminoso se afogar até a morte ou pula no rio para salvar o seu inimigo. Caso o salve, estarão assumindo-se prontos para continuar a viver; mas ao escolher deixá-lo morrer, terão que conviver com a perseguição da dor por toda a existência.

Ali o filme coloca em questão como enfrentar a tirania brutal sem agir do mesmo modo que o inimigo. Durante parte de sua vida Silvia havia optado pela busca de paz que a ONU popõe como órgão de união dos povos, enquanto que Tobin havia escolhido se esconder no caminho da justiça através da lei. Neste momento do filme, ambos se enxergam como pessoas extremamente vazias, que se mantém funcionando graças ao trabalho. Ambos têm que escolher se optam pelo perdão ou não.
No fim das contas, uma certa mensagem permanece. Nem os enormes salões da ONU com seus corredores estreitos, cabines à prova de som e salas de conferências repletas dos sinais visíveis do poder e da negociata possuem alguma chance frente ao confronto de vida que a história destes personagens nos oferece.
Os dois acabam escolhendo o perdão, cada um em seu contexto.
Seguem caminhos distintos, mas na paz do coração que decide pela vida.
Aqui no mundo real os chineses continuam odiando os japoneses; os judeus odiando os palestinos; os iraquianos e outros grupos muçulmanos odiando os americanos...e a cristandade continua mais preocupada em pregar sua moral, doutrina e tradição.
Jesus já dizia que as pedras poderiam começar a clamar. E não é que no meio dos US$ 90 milhões de investimento da Universal Pictures a mensagem do evangelho se faz mais presente do que em muitos de nossos templos?
O Espírito, que sopra como quer, sussurra em nossos ouvidos: a Verdade não precisa de tradução - perdoai, assim como vocês são perdoados!
Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça.

segunda-feira, abril 11, 2005

Meus dias de Quico

O Quico foi meu auto-retrato durante esta semana passada inteira. Meu dente siso foi retirado, mas não sem antes necessitar de muitos anestésicos, brocas, espátulas e pinças. O teimoso, que estava interno, demorou quase duas horas pra ser extraído - vejam só! Durante a cirurgia, comprovei que a dor psicológica pode mesmo ser mais terrível que a própria dor física.
Afinal, imaginar seu osso sendo perfurado por uma broca e sentir o cheiro de queimado, requer um equilíbrio de sentidos que eu realmente não tenho. A dor, mesmo inexistente fisicamente por causa da anestesia, se apresentava em proporções exponenciais no meu fértil devaneio sobre o que seria o real daquele momento. "Nossa, será que estes dentistas não são de alguma seita obscura masoquista que promove uma morte lenta e meticulosa em seus pacientes como oferenda a algum deus egípcio? Afinal, por quê demoram tanto na extração desse dente, meu Deus?", pensei ao ver a espátula que se mexia cuidadosamente e delicadamente de lá pra cá na minha cavidade bucal. Logo em seguida, a doutora Márcia, parecendo ler meus pensamentos, disse: "- Querida, a cirurgia demora, temos que tirar com cuidado para não causar problemas posteriores, ok? ". Fiz com a cabeça que sim. "É, talvez não sejam de uma seita macabra. Talvez eu é que precise imaginar que isto é coisa da matrix e que nada disso é realmente verdadeiro...que estou sonhando - não, tendo um pesadelo! Mas talvez exista uma razão maior pra que este dente não queira sair. Por favor, desisti de tirá-lo...abandonem ele ai, costurem minha gengiva e me deixem sair daqui!!", pensei quase surtando em desespero contido. "- Pronto, retiramos, Haline. Agora é só fazer a sutura", balbuciou a simpática, quase psicóloga, doutora Márcia; enquanto eu já estava tentando mesmo é alcançar o terceiro céu em pensamento.
Ufa, missão cumprida!
Algumas coisas que nos incomodam são mesmo mais difíceis de serem extraídas. Tão complicadas, que a gente acaba tento sempre a tentação de se acomodar e deixar daquele jeito mesmo. É que cortar o que nos faz mal, reeducar o corpo e transformar a mente nem sempre são tarefas agradáveis de serem realizadas - às vezes até doem na alma. E porque doem, nosso superficial instinto de proteção já relaciona a dor como algo ruim pra nós - o que nem sempre é.
Mas a Verdade às vezes dói, porque transforma.
De fato, a transformação não é nos tornarmos quem não somos, mas sim quem somos e não queremos ser, ainda que a rejeição seja inconsciente, ou mesmo fruto de ignorância. E a transformação se torna um caminho no qual a gente enxerga quem é e não aceitou ser - seja pelos condicionamentos familiares, seja pelas imposições dos homens, seja pelo que for...
O que fica claro é que a Verdade nunca vem como fórmula, pois nem Jesus ensinou a verdade. Ele é a Verdade. Portanto, conhecer a Verdade é ter uma revelação acerca de quem Ele é. E isto só é possível se os olhos se abrirem para vermos os olhos Dele.
Muitas vezes sofisticamos demais aquilo que é puramente simples.
A verdade não pode ser encontrada num laboratório, numa escola, ou em qualquer uma de minhas loucas reflexões.
Ela só é encontrada pelo Caminho.
E é por isso que eu vou…como Pedro e os demais foram...cheios de dúvidas, mentiras, vaidades, disputas, achismos diferentes, expectativas distintas, e muita tolice.
Sim, eles seguiram e tropeçaram...assim como eu e você.
Onde é que eu vejo que sou melhor ou pior do que eles?
Pedro seguiu andando…e mesmo depois de ter traído três vezes...traiu muitas outras vezes mais. Mas não dá pra negar que o cara conheceu a Verdade como Vida pelo Caminho.
E como diz o Caio, quem conhece a Verdade não consegue nem fazer discurso de persuasão sobre ela. Isso porque a verdadeira persuasão da verdade é a ação libertadora que ela provoca no ser, mesmo quando o dilacera.
Quem sente as dores da transformação pela Verdade, sobre ela não tem muitas palavras, mas tem ousadia de ser por causa dela, e apesar dela.
E por quê escrevi isso?
Ah, porque por quase uma semana tive meus dias de Quico, inchada pra caramba...pensando porque deveria sair nas ruas.
E a resposta continua estando na Verdade.


"calem-se, calem-se, calem-se...vocês me deixam louco!"

A "Vida é Bela" deveria ser mais dificil de fazer acreditar do que no fato de que a "Morte é Doce". Afinal, todos somos testemunhas de que a natureza é bela, mas o mundo dos humanos apenas manifesta algumas belezas, mas é mais freqüentemente cruel e implacável! Apesar disso, Jesus disse:“Aquele que ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, não entra em juízo; já da morte para a vida”.Ou seja: dá para se experimentar a eternidade ainda na experiência da existência neste planeta caído. A eternidade não será! Em Cristo ela já é! O mundo é cruel, mas nosso alvo deve ser experimentar a existencialidade da eternidade mesmo que ainda se esteja vivendo dentro das limitações de nosso presente estado de existência. Paulo via a morte de uma maneira vitoriosa. Ele não a buscava. Preferia adiar sua partida a fim de que a Graça em sua vida histórica se tornasse o mais útil possível! Enquanto no corpo ausentes do convívio glorificado no e com o Senhor Jesus! O tabernáculo terrestre—o corpo—é corruptível! O corpo celestial é incorruptível! Assim, o viver é Cristo; o morrer é lucro! Para Paulo era certo que o homem exterior se corrompe com o passar do tempo. Vem a velhice, a canseira, os achaques nas juntas, os pesos, a perda da visão, da audição, da energia construtivista—e a dor da sabedoria de quem sofre não pelo seu próprio futuro, mas pelo daqueles que ama e aqui ficarão. O contraponto é que ele diz que em Cristo o homem interior se renova de dia em dia! Isto para quem considera a leve e momentânea tribulação como algo a não ser comparado com o peso de gloria a ser revelado em nós. Depois de ir ao terceiro céu...bem, depois disso, ele sabia que o que olhos não viram, o que os ouvidos nunca haviam ouvido, e também aquilo que nunca jamais havia subido como imaginação inspirada pela mais mágica fantasia artística, teológica, filosófica, sinfônica, degustativa, sensorial ou extrasensorial—era o que Deus havia reservado para aqueles que o amam!“Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito”—diz ele!Não era licito aos homens referir somente porque era irreferível. Nem sempre o revelado cabe em palavras! Paulo viajou do caminho da certeza da vida eterna até chegar ao prazer pela eternidade! Essa é uma viagem que poucos cristãos fazem. E é tão raro, não porque não se tem certeza da salvação, mas porque a morte é um tabu de dor transacional para a maioria de nós. “O que acontecerá na passagem?”—é sempre a questão, mesmo quando não se tem a coragem de confessar! Bem, a passagem não terá acontecido enquanto o corpo estiver sofrendo. E o corpo pode sofrer de dor de física, mas também da dor do medo. O medo de como é a passagem faz sofrer muito mais que a passagem em si! Mas se de algum modo o espírito está cativo da eternidade como prazer, então a morte—que já perdeu seu poder de apavorar como dor eterna—perde também sua força como fobia da passagem! É como nascer! Só que não é do abrigo do útero para a dor do mundo. É a passagem do terror da corrupção do corpo—em todas as suas dimensões—para o inesgotável mergulho no amor infinitamente surpreendente do ser de Deus. Minha suposição é que Paulo foi levado para a decapitação com a serenidade feliz dos premiados. Muitos anos antes daquele dia Pedro havia dormido na prisão da Fortaleza Antônia, em Jerusalém, na véspera de sua própria execução. Para quem chegou aí, mesmo que haja dor física na passagem, não é para comparar com o peso de glória que o aguarda. Até a dor se adocica nesse estado! É no mínimo como um cafuné celestial. Creio que deve fazer extasiante coceira no cocuruto da alma e no cangote do espírito! Nesse caso não se tem somente a certeza da salvação. Tem-se o êxtase dela! A viagem de fé nesta vida deve poder nos levar ao nível de pacificação que produz essa alegria calma no ser. Afinal, o próprio Paulo disse: “...a morte é vossa...e vós de Cristo, e Cristo de Deus”.
Caio

quinta-feira, abril 07, 2005


Esse blog tá muito sério!

terça-feira, abril 05, 2005

Impressões

Na vida, aprendi a aprender errando. Tenho só 25 anos, mas já quis morrer muitas e muitas vezes. “Como pode, uma menina de tudo, perder o sentido?” – muitos sempre se perguntavam. Mas eu tentei insistententemente isso, direta ou indiretamente, em várias situações. Neste mundo como está, o que não falta são caminhos de morte. Sempre fui muito sensível e quase não possuia sentidos de auto-preservação. Minha alma gritava internamente, em silêncio, enquanto meu sorriso mostrava ares confiantes. Mas um dia fui tocada pela Graça e dela nem consigo mais sair. Encontrei meu caminho de paz e de vida. Mas foi ao me perder totalmente, sem rumo, que aprendi algumas coisinhas. Primeiramente, aprendi que ainda sou um baby - não entendo tudo e não preciso me levar tão a sério. Aprendi a me enxerf=gar e ver o quanto sou um verme em minha natureza, o quanto posso manipular e inclusive usar minha sensibilidade como um charme de destruição. Mas aí aprendi que Cristo é o caminho para a vida - não apenas a eterna, mas também a da plenitude neste momento do existir.
Aprendi que ele me perdoa e tansforma - que só d´Ele provem alguma bondade através de mim. Aprendi, ainda, que trabalhar não necessariamente deve significar ganhar muito dinheiro, prêmios e status. Aprendi que amigos a gente conquista mostrando quem somos e como sentimos, e que os verdadeiros sempre ficam com você até o fim. Aprendi que a maldade mais cruel pode se esconder atrás de uma bela e irresistível face. Aprendi que o amor não deve ser procurado, mas que ele apenas se desperta quando verdadeiramente acontece. Aprendi que a Natureza é a coisa mais bela na vida - que seu poder terapêutico não pode ser negado e nem desprezado. Aprendi que religiosidade nenhuma pode fazer com que Deus me ame mais ou menos. Aprendi que um só dia pode ser mais importante que muitos anos. Aprendi que se pode viajar além do tempo, mesmo sem nem sair do lugar. Aprendi que ouvir uma palavra de carinho faz bem à saúde física, além de alentar a alma. Aprendi que o meu carinho não pode ser comprado, por isso o dou sempre incondicionalmente. Aprendi que sonhar é preciso -assim, navegando, como diz o poeta. Aprendi que sonhos preciam ser buscados com ações, coragem, garra e luta. Aprendi que nosso ser é livre para se descobrir no chão da vida, entre erros e acertos. Aprendi que Deus não proíbe nada que seja verdadeiramente amor, mas que muitas vezes nosso coração pode ser mesmo muito enganoso. Aprendi que uma mulher como eu anseia mesmo é pertercer à alma de um único homem, e por isso espero, sem neuras, que este surja. Aprendi a aceitar o curso do incompreensível, entendendo que mesmo o “trágico” sempre há de cooperar de alguma forma para o meu bem. Aprendi a não julgar ninguém, seja qual for sua situação debaixo do sol. Mas, definitivamente, aprendi que não é morrendo que se aprende a viver. Por isso, é ainda com a sensibilidade à flor da pele que me decido pela Vida.
Na Verdade, pelo Caminho...

segunda-feira, abril 04, 2005

Vale dos ossos secos

Ezequiel teve a visão de uma situação bastante inusitada (Ez 37).
Levado por Deus a um vale de ossos secos, foi convidado a profetizar sobre o que não era vida.
Ainda tomado por certa aflição e dúvida, viu, estupefato, ruídos e rebuliços que seguiam o cumprimento das palavras do Senhor; enquanto que os ossos se achegavam, cada osso ao seu osso.
Consegue imaginar essa situação?
Ai ele ainda presenciou nervos se desenvolvendo sobre os ossos, e a carne crescendo, e estendendo-se por cima deles...
A cena já devia ser bem chocante, mas não havia neles espírito ainda.
Foi quando Deus disse: Profetiza ao espírito e diga a ele: Deus, o Senhor, diz assim: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam.
Quando Ezequiel profetizou, o espírito entrou neles, e viveram, e se puseram em pé...um exército, diz a bíblia.
Deus termina: Filho, estes ossos são toda a casa de Israel. E tenho visto vocês dizendo: os nossos ossos se secaram, e a nossa esperança se partiu; nós mesmos estamos cortados.

E algumas circunstâncias nos abatem tanto, que mesmo quando não são causadas a nós pessoalmente, não são menos destrutivas quando recaem sobre os que amamos, fazendo com que percamos toda uma esperança de luta.
Porém, Deus diz aos secos: Eis que eu abrirei os vossos sepulcros, e vos farei subir das vossas sepulturas, e vos trarei à terra.
Ai, meu Pai, as dificuldades estão aqui...reais e complexas em si mesmas.

Minha alma tão sensível e tola parece querer explodir mais uma vez!
Mas na minha fraqueza, o Teu poder se aperfeiçoa.
Em Cristo, estes meus ossos caquéticos ganham um novo viver(com carne e nervos); e também um Espírito consolador, cujo sopro modifica a vida com o vento.
Sei que tudo posso...

ps: entre no link clicando em cima do título.

sexta-feira, abril 01, 2005


Muito bacana este site: http://www.thebricktestament.com/